terça-feira, 8 de maio de 2007

ESPAÇO ABERTO

Se deixar 5 jogadores no banco ja é complicado, o que fazer com um plantel de 15... e ter que deixar mais 5 na bancada?

O treinador, de forma consciente, nunca deixará alguma vez de apresentar aquela que é, na sua perspectiva, a melhor equipa.A composição da equipa será aquela que o treinador entender e julgar mais apta para as missões que lhe estão destinadas.O treinador, no fundo, acaba sempre por optar nos jogadores que lhe dão mais garantias na conquista dos obstáculos que se lhe irão deparar durante o jogo.O treinador, como gestor de um grupo de trabalho, com composição, organização, planificação e objectivos perfeitamente definidos, é, e será sempre, o grande beneficiado ou o grande crucificado, pelas suas boas ou más opções, pelos bons ou maus resultados. Ele terá de gerir os interesses individuais dos seus atletas que são, por natureza, conflituantes (impossível jogarem todos) e o interesse do grupo que é, no fundo, o seu próprio interesse.
OS FACTORES DETERMINANTES DA ESCOLHA DO TREINADOR:
1- capacidade física / atlética do praticante
2- capacidade táctica
3- capacidade técnica
4- postura profissional
5- estrutura psicológica
6- nível educacional e cultural

1. As qualidades Físicas que numa numeração simplista serão a resistência, a força, a velocidade e a flexibilidade, terão que ser cada vez mais trabalhadas e melhoradas. Só assim o atleta poderá responder positivamente ao esforço, cada vez maior, que lhe é exigido.E se é no treino que as qualidades físicas e outras se trabalham e se melhoram, é também no treino que as mesmas se evidenciam. Compete ao praticante, com a sua disponibilidade para o treino e a sua prestação no jogo responder às exigências da competição de acordo com aquilo que lhe é pedido pelo treinador.Só o treino poderá preparar o atleta para a competição, de forma coerente e séria. E importante que o atleta, o verdadeiro atleta, se aperceba de uma vez por todas que o treino é a única forma saudável para o desenvolvimento das suas capacidades físicas.

2. No âmbito deste amplo conceito distinguirei 3 vertentes distintas, embora interligadas: leitura de jogo, disciplina táctica e concentração competitiva.Se na primeira se pede ao atleta uma análise permanente do jogo, que lhe possa permitir a melhor opção, a resposta mais adequada e eficaz às inúmeras solicitações que se lhe deparam, na segunda pretende-se que o jogador, de acordo com o plano previamente elaborado pelo treinador, cumpra rigorosamente as funções que lhe são confiadas no seio da equipa, inteirando-se, dessa forma sem desfasamento da dinâmica do grupo e na terceira constitui e define, aquilo que podemos chamar "atitude do atleta perante o jogo". O atleta terá de alhear-se de tudo o que o rodeia. Toda a sua atenção, toda a sua capacidade de concentração tem de estar voltada para o acto de competir, de uma forma agressiva e dinâmica. Só o atleta concentrado está em condições de errar o menos possível e conseguir uma prestação válida. A concentração competitiva funciona, aliás, com um pressuposto quer de boa leitura de jogo quer da disciplina táctica. É difícil conseguir níveis de concentração de 100% mas, nem por isso, o atleta deverá deixar de perseguir tal ímpeto com trabalho, humildade e disponibilidade nos treinos que o atleta se educa,a todos os níveis e também na concentração competitiva. O treino deverá aproximar-se o mais possível da realidade competitiva, sendo certo que, quanto mais positiva for a resposta, do atleta ao treino, mais positiva será a sua resposta ao jogo.

3. Outro factor fundamental e, como os outros em permanente evolução.Hoje em dia, o atleta terá de executar os gestos técnicos que lhe são solicitados num espaço e num tempo reduzido, devido aos sistemas de jogo impostos pelas equipas. Perante isto, só a execução rápida do gesto o tornará eficaz.A evolução do desporto eliminou a técnica / recreio ou a técnica do malabarista e promoveu decididamente a técnica / eficácia.

4. (treino invisível)São grandes as exigências da competição, daí a necessidade que o atleta tem de assumir uma postura séria.A postura do atleta tem que ser digna, respeitando sempre o clube que representa.Neste conceito amplo de "postura profissional", sublinharei o chamado " treino invisível". Invisível porque não é realizado na presença de responsáveis. Ele faz, no entanto, parte integrante do " TREINO TOTAL" e consubstancia-se numa vida higiénica e sadia, numa alimentação cuidada, numa vida social e familiar equilibrada onde se privilegie, de forma positiva, o tempo de lazer e de descanso.

5. As pressões, a competição, o ambiente de grandes envolvimentos que rodeia a prática da competição, exigem do atleta uma estrutura psicológica sólida. O cenário em que de desenvolve o jogo pode provocar ao atleta, ansiedade, inibição e constrangimento que influenciam negativamente o seu rendimento. O atleta terá de, na medida do possível, estar imune a situações que envolvem um jogo. Ele terá que ser portador de uma autoconfiança, terá de ser sereno, terá mesmo de ser " frio", " calculista", mas terá também de ser ambicioso e agressivo, ganhador e dinâmico, corajoso e senhor de uma capacidade de sofrimento muito grande!

6. É um dado fundamental na vida de um atleta. Nada justifica, nem a sede de vitórias colectivas, ou individuais, que a postura do atleta não seja a obrigação de responder às situações que se lhe deparam com mais cultura e com mais educação. Apesar das inúmeras solicitações a que é sujeito, o atleta deverá sempre responder com bom senso, serenidade, educação, no fundo, com inteligência!Nada justifica a análise apressada, o acto irreflectido, o disparate, a falta de educação, etc...O atleta terá que ser paciente, terá de saber ser " conveniente". Terá de analisar as questões, dar-lhes a dignidade e o tratamento que as mesmas merecem, terá e filtrar os problemas com um único objectivo: dar-lhes um encaminhamento positivo, que vise a sua resolução e nunca o seu agravamento...O treinador também gosta de ganhar... e através dos parâmetros atrás referenciados cabe-lhe a ingrata tarefa de escolher! E escolherá sempre bem? Evidentemente que não...aliás o treinador erra como todo o ser humano.

CAJÉ
Fonte: os meus apontamentos da licenciatura em Educação Física

4 comentários:

Anónimo disse...

Acho o artigo interessante, mas no estado actual do nosso hóquei, e em particular nos escalões de formação, poucos ou nenhuns treinadores, infelizmente, terão esse problema, porque a realidade é mais, terem 8, 9 ou 10 atletas. Penso que está na altura e fugindo um bocado ao tema do artigo, de os clubes começarem a "recrutar" os miudos nas escolas logo no 1º ciclo, através dos ATL, e no verão fazer o que está agora a ficar muito em voga que é as Clinicas de Verão. Vamos voltar a dinamizar o hóquei, e aí sim dar "dores de cabeça" aos treinadores, pois terem um plantel de 15 de só poderem convocar 10.

Anónimo disse...

caro amigo penso que esta questão nem se coloca , por cada caso é um caso e se pensarmos na realidade do cada clube , os obstáculos são mais que muitos. De qualquer forma a minha opinião é a seguinte :até iniciados e no caso de de não haver anormalidades à que fazer 2 equipas para os atletas estarem o mais tempo possível em competição.De juvenis para cima `que fazer 1 equipa e colocar os outros atletas (2/3)noutro clube vizinho com mútuo acordo

Anónimo disse...

Antes de mais, um grande abraço para este catedrático do hóquei! ;)
Embora concorde com a generalidade do texto, há alguns pormenores que eu gostava de contrapor ou completar com as minhas perspectivas e saberes…

- No futebol há plantéis de 25 jogadores e só jogam 11-14 jogadores por jogo. Talvez os métodos de treino praticados não venham sendo muito úteis para quem não joga, levando-os à desistência de posturas competitivas no seio da equipa!;
- Só falando dos escalões sénior, júnior e talvez juvenil é que se poderá admitir que o treinador leve indiscutivelmente a sua melhor equipa (há também factores como correcções disciplinares, prémios por empenho, etc. para os escalões inferiores);
- Ao processo de gestão do grupo faltam algumas etapas, algo que quem anda em gestão pode mais facilmente explanar mas que também tem tido uma grande compreensão na sociedade;
- O treinador só sai beneficiado das vitórias se tiver um grande desplante para autopromover os seus feitos;
- Talvez dividisse a (5) por mentais-pessoais e mentais-desportivas onde encaixariam as (4), (5) e (6);
- Leitura de jogo => Mentais-Desportivas (inteligência táctica, visão periférica e diagnóstico do jogo adversário);
- Concentração => Mentais-Pessoais;
- Na (6), só quando a estrutura psicológica torna manifestamente impossível prever actos de indisciplina ou descontrolo extremos, é que se pode assumir como um factor de escolha do treinador.

Anónimo disse...

HPatins não está de saúde isso não é novidade, mas continua tudo a dizer o mesmo.
A federação assim a Federação assado, depois dão, ou melhor ,escrevem umas opinões de catedráticos plagiadas de um livro temático qualquer , e pronto.
Os treinadores dos clubes plagiam-se uns aos outros pensando eles estar na primeira linha do pensamento táctico, e depois?
Depois, andamos enfronhados nesta cultura sub-urbana hoquista que nos querem impigir.
Eu como outros, perante tanta sapiência hoquista, não vamos nessa trêta, mas vamos assistindo impávidos e também serenos a degladiação sistemática dos principios hoquistas.
Estamos fartos de tanta demagogia dessa sub urbanidade que já chateia.
Escrevam um livro por ex. sobre uma DIFERENTE FORMAÇÃO DAS CAMADAS JOVENS ou uma DIFERENTE CONCEPÇÃO DO TREINO OU DO JOGO.
Qualquer coisa diferente para melhor obviamente isso sim dfazi-se historia e deixavam de tar constantemente a discutir o SEXO DOS ANJOS. Sejam diferentes, tenham coragem de fazer algo, abanar as estruturas... aí é que é mais dificil.

Cumprimentos