quarta-feira, 16 de maio de 2007

ESPAÇO ABERTO

Estádios da Organização Ofensiva no Hóquei

No meu artigo anterior acusaram-me de ter um discurso vazio porque não emitia opiniões: só colocava questões. Uns dias mais tarde, fiquei contente porque o nosso Presidente da República, a respeito do 25Abril, fez exactamente o mesmo. Isso deu-me força para continuar a acreditar que uma boa pergunta pode gerar imensas discussões e, consequentemente, inúmeras opiniões (das quais a minha é apenas um pequeno contributo). Por isso vou continuar dentro do mesmo estilo… mas noutro tema.

No nosso hóquei verifica-se uma correspondência aproximada entre a qualidade dos plantéis e a complexidade dos sistemas tácticos ofensivos adoptados. Também há os casos em que essa correspondência poderá não se verificar. De qualquer forma, numa disposição crescente de qualidade/complexidade, penso que se podem arrumar os sistemas da seguinte forma:
1- Equipas que recorrem à criatividade como estratégia base por ausência de noções tácticas dos seus praticantes;
2- Equipas que recorrem às tácticas para disciplinar o jogo;
3- Equipas que recorrem às tácticas como estratégia base;
4- Equipas que recorrem ao efeito combinado táctica-creatividade;
5- Equipas que recorrem à criatividade como estratégia base que se valem das capacidades tácticas dos seus praticantes.

Normalmente os treinadores adoptam apenas um destes estádios e tentam aperfeiçoá-lo e/ou consolidá-lo infindavelmente. Nos estádios mais complexos isso poderá não ser um problema competitivo se as outras equipas também não forem tacticamente ambiciosas. Já nos estádios “inferiores”, a probabilidade de o sistema se tornar ultrapassado é bastante considerável.
A postura estática dos responsáveis poderá levar as equipas a limitações estruturais na evolução dos seus sistemas ofensivos. A fase de Formação é um excelente exemplo de uma postura dinâmica, onde se evolui gradualmente pela ordem que apresentei em cima, porque (penso que seja consensual) os jogadores não deverão saltar degraus ou aprender sempre do mesmo durante toda a sua carreira.
Embora tenha estas perspectivas, desafio-os a corrigir ou completar este assunto e a comentar qual o efeito de uma má Formação no posicionamento futuro dos atletas naquela escala.

PS – Este artigo trata-se apenas de um entendimento pessoal. Qualquer semelhança com estudos já existentes é pura coincidência.

gnoronha – Guilherme Noronha

12 comentários:

Anónimo disse...

Caro Guilherme Noronha,
Apesar de concordar com grande parte do artigo, gostaria de contribuir com mais algumas achegas que julgo importantes.
É um facto que as qualidades individuais em termos técnicos dos plantéis são importantes para que os treinadores, no âmbito da formação, aplicam aquilo que refere no seu artigo.
Contudo, muitas vezes verifica-se nomeadamente nos escalões mais baixos da formação, um priveligiar da criatividade em deterimento das noções tácticas. Basta haver na equipa um jogador técnicamente mais evoluído e possante para que o jogo passe todo por ele.
É óbvio que esta postura, no imediato, dá muitos frutos e curriculum ao treinador. Com o passar do tempo, verifica-se muitas vezes, o desalento e a decepção.
Infelizmente, muitos treinadores dos escalões de formação, na ânsia de obter curriculum descuram o trabalho técnico táctico das suas equipas, ou então, aplicam sistemas rígidos suportados em exercícios "chapa 5" que, segundo a sua idéia dão para tudo e para todos.
Quando têm a sorte de ter uma grande "fornada" não "desgrudam" dos miúdos e, se os puderem treinar de Benjamins a Júniores não descuram a oportunidade excepto se forem corridos ou se a coisa der para o torto.
Concordo consigo plenamente que na formação os jogadores devem ter contacto com vários estilos e maneiras de jogar e isso só é possível tendo diferentes treinadores. Pois cada um tem o seu estilo próprio de treinar e de ensinar.
Mas vá dizer isso aos clubes, aos seccionistas, aos pais e, até a certos treinadores. É muito difícil alterar mentalidades. Mas não é impossível!
Por outro lado, existe outro factor que o senhor apontou no ponto 4 e que, para mim, faz a diferença.
É a situação mais trabalhosa e complicada para o treinador implementar pois exige ao mesmo arte e engenho para pôr os miúdos a perceber o que fazem e porque o fazem. Este sistema além de ser difícil de aplicar sofre resistências dos vários agentes do processo uma vez que os resultados só aparecem mais tarde.
Além disso, exige uma grande dose de criatividade, arrojo e conhecimentos extra hóquei nem sempre ao alcance da maioria. Mas pronto, é o hóquei que temos e tal como o senhor diz. É preciso ACREDITAR!

Um gajo que não percebe nada disto.

Francisco Mendes disse...

Boa Tarde,
Concordo com grande parte do que foi dito tanto pelo Guilherme como pelo "gajo que não percebe nada disto".Contudo,penso que o essencial, na formação é, e pego nas palavras do último "pois exige ao mesmo arte e engenho para pôr os miúdos a perceber o que fazem e porque o fazem".
Esta, a meu ver, é uma frase fundamental, na qual se reunem dois aspectos fundamentais de um treinador consciente, independentemente do "sistema" que o mesmo escolha: "arte e engenho" ao treinador, saber escolher e adaptar a sua escolha a quem tem pela frente por um lado, e por outro "pôr os miúdos a perceber o que fazem e porque o fazem", fundamental a meu ver. O saber fazer por si só, não é nada, o saber fazer tem de estar de acordo com determinadas condições, que como sabemos muito bem, no jogo são dinâmicas. Penso que não é preciso dizer mais nada, estes pontos dizem tudo.
A "Chapa 5" como diz e muito bem, não é o melhor, e dificilmente será uma ferramenta de trabalho com sucesso (sucesso, neste prisma, não é ganhar, é sim adquirir ferramentas que no futuro levem o atleta a ter mais argumentos perante os seus adversários), contudo há muita gente que a usa, e mais grave ainda, usa a chapa 5 dos séniores para treinar iniciados, isto é só um exemplo.

Anónimo disse...

Gostei do que li...tu é que me estas a sair um grande catedrático no hoquei em patins!
Grande abraço!
CAJÉ

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

muita parra e pouca uva

Anónimo disse...

Ao anónimo das 22.52

Muita parra não teve porque a exposição foi bastante abreviada.
Pouca uva:
Estava à espera que com os seus vastos conhecimentos conseguisse transformá-la em muito sumo, até porque escrevendo “desafio-os a corrigir ou completar” não o inibi de contribuir. O que NOS deu foi nicles. Nem parra… nem uva… nem sumo…
Relembro-lhe que o Espaço Aberto é para todos e se não consegue publicar talvez seja porque não assina por baixo ou porque NÃO ESCREVE NADA!
Se a coisa é pessoal, sugiro-lhe que ignore os post quando vir o meu nome em baixo. Só para o deixar prevenido, quando vir os posts “O Critério dos Árbitros” e “O Balneário - Poder Vs Responsabilidade” fica já a saber que são meus. Já têm perto de um mês mas vou enviando os posts ao Sr. Gavancho individualmente após a publicação do anterior.

Por decerto o seu empenho não ter sido o suficiente, posso-lhe dizer que há uma fila de espera para as publicações, tal será o número de pessoas empenhada em contribuir para este excelente Blogspot!

Anónimo disse...

A “Um gajo que não percebe nada disto”:
Ao expor todos os sistema possíveis em combinações que valorizavam a Disciplina e/ou a Criatividade Tácticas não percebo onde encontrou a rigidez. Também não falei de exercícios.
E se me atribui a rigidez ao dizer que “dão para tudo e para todos”, se eu de facto tiver conseguido compilar todos os sistemas, então aceito o epíteto. Porque se uma pessoa não bebe água ou sumo, só pode beber vinho!
Quanto ao “ponto 4”, só pode estar a referir-se ao meu post de 24 de Abril de 2007, não?
Um abraço deste que nada percebe ;)

Anónimo disse...

Ao Professor Francisco:
Aquilo em que os vossos comentários se afastaram do post foi que eu falei no geral dando apenas como exemplo um possível percurso dos atletas durante a formação. Mas… ops, já percebi! Queriam dizer que há treinadores que aplicam os mesmos exercícios (e sistemas tácticos) nos escalões inferiores. (foi lento mas cheguei lá)

É verdade! Já o vi…

Saúde pra miuda!

Anónimo disse...

Caro GNORONHA,
Estou em crer que interpretou mal a minha intervenção. As minhas achegas só tiveram como intenção dar uma maior complementaridade ao seu texto e não fazer oposição àquilo que foi escrito. Se reparar, refiro logo no início, que "estou de acordo com a generalidade do texto".
Aquilo que eu pretendi dizer foi que a distância entre o que deve nortear a formação jovem no que toca aos sistemas tácticos e o panorama existente é muito grande. Os exemplos que eu dei referem-se a isso mesmo e não a uma crítica ao autor do texto. Não são os sistemas que estão em causa. O que está em causa é a forma como se aplicam. Reconheço que o texto só podia ser generalista. No entanto, eu entendi como forma de análise, direccioná-lo neste sentido e espero que não tenha levado a mal.
Cá ficarei à espera de outros temas e debates não para destilar invejas ou ódios pessoais (coisa que por aqui abunda) mas sim para abrir a discussão à diferença e à livre opinião responsável como forma de se contribuir para uma nova maneira de ver e de se estar no hóquei.
Um abraço,


Um gajo que não percebe nada disto.

Anónimo disse...

Ao "Um gajo que não percebe nada disto":
Mas pode criticar à vontade desde que critique algo em que eu me tenha enganado. Prestei atenção e valorizo aquilo que escreveu mas não posso deixar passar quando me atribuem ideias que eu não transmiti ("aplicam sistemas rígidos suportados em exercícios "chapa 5" que, segundo a sua idéia dão para tudo e para todos")
Mas agradecer-lhe-ei sempre que quiser comentar!

Anónimo disse...

GNORONHA,
Acho que ainda não fui claro para si naquilo que escrevi.
Quando eu escrevo "aplicam sistemas rígidos suportados em exercícios "chapa 5" que, segundo a sua idéia (de alguns treinadores - é a eles que me refiro) dão para tudo e para todos".
Não é difícil provar isto. Basta ver o aquecimento antes dos jogos de várias equipas, no âmbito da formação, para ver-mos os treinadores aplicarem vários exercícios com o intuito de optimizarem a mecanização dos jogadores. Ora, no meu ponto de vista,estes exercícios deveriam ser objecto do trabalho semanal e não parte integrante do aquecimento antes de um jogo. Mas isto, é a minha opinião e como tal é discutível. Agora o que eu queria realçar, era a quantidade de exercícios que os miúdos fazem sem nexo e causalidade para as situações de jogo uma vez que os exercícios são copiados de uma matriz e realidade que geralmente não se enquadram no perfil da equipa. Daqui eu ter apelidado de "chapa 5".
E que dizer daqueles treinadores da formação que ao longo dos meses dão sempre nos seus treinos os mesmos exercícios, na mesma sequência e na mesma cadência?
E que dizer de um puto que faz uma movimentação mas que não sabe dizer porque é que a faz?
Desde os guarda-redes aos avançados, acredite que em muitas equipas muitos miúdos não percebem porque é que fazem este ou aquele exercício.
É sobre estas situações que eu acho que poderiam ser acrescentadas ao texto que escreveu. Porque aquilo que diz no texto é o genérico daquilo que se devia fazer mas, o que eu queria realçar era que a realidade infelizmente tem outros contornos.
Quanto ao criticar quando não tem razão, isso é muito subjectivo porque o não comungar da mesma opinião não quer dizer que o outro esteja errado. Muitas vezes é na troca das diferenças que se vão buscar as mais valias para tentar-mos ser melhores cada dia que passa.
Cumprimentos,

Um gajo que não sabe nada disto

Francisco Mendes disse...

A "chapa 5" é uma realidade, triste mas realidade. Se bem entendo o que "um gajo que não sabe nada disto" afirma, e com a qual concordo plenamente, um exemplo do que falou, pode ser visto em grande parte dos jogos dos miúdos por exemplo no aquecimento tradicional das voltas e meias voltinhas à pista, como se fossem seniores... porquê estas voltas, pergunto eu? pra aquecer dizem uns!é verdade, respondo, aquece, mas também há outras formas para o fazer. E algumas delas bem mais proveitosas para os miúdos.