quarta-feira, 4 de julho de 2007

ENTREVISTA DA SEMANA

O Cartão Azul, deslocou-se á maravilhosa Ilha de São Miguel, nos Açores para falar com José Júlio Soares, acerca da época da equipa do Santa Clara, da sua presença no Mundial em Montreux e ainda a opinião sobre as equipas ribatejanas.
CA – Boa tarde em primeiro lugar, obrigado pela disponibilidade, como decorreu a época do Santa Clara?
JS – Muito boa tarde, eu é que agradeço a vossa atenção. Considero a época no Santa Clara bastante satisfatória tanto ao nível individual, onde tive prestações que ajudaram o grupo como também ao nível colectivo uma vez que o objectivo inicialmente traçado foi alcançado logo na primeira fase da competição.
CA – Tendo conseguido a permanência ao vencer num pavilhão tradicionalmente difícil (Turquel), o Santa Clara apareceu na prova seguinte Sul “A” a jogar diferente, e a não conseguir traduzir em vitórias algumas boas exibições que realizava, o que se passou?
JS – Realmente a vitória em Turquel, com o pavilhão completamente cheio e as duas equipas a necessitar dos pontos foi um verdadeiro hino ao hóquei espectáculo. Para nós foi uma grande vitória, merecida, de todo o grupo que mostrou humildade, querer, raça e união. Quanto aos jogos da segunda fase, de antemão todos éramos conscientes das limitações do nosso plantel. Tinhamos um plantel que assentava essencialmente em 4/5 jogadores, que foram “exprimidos ao máximo” na primeira fase, com as consequências que isso pode ter no desempenho de uma prova como esta. A título de exemplo nesta segunda fase entre lesões e sanções técnicas unicamente em 2 jogos conseguimos ter o plantel completo. Em boa medida isso explica os resultados menos positivos da fase seguinte.
CA – Ainda falando da Série Sul “A”, como vê as equipas do SC Tomar e do União do Entroncamento?
JS – O Tomar tradicionalmente é um clube que consegue formar bons plantéis e por isso não fez uma campanha que pessoalmente considere de extraordinária ou surpreendente, tendo estado a um nível esperado. Já o Entroncamento surgiu quanto a mim como uma das agradáveis revelações da prova. Para além de terem bons executantes tanto a nível técnico como táctico mostraram uma garra e humildades tremenda que muito teve a ver certamente com o sucesso da equipa.
CA – Nos encontros com o União os jogos foram sempre equilibrados, e o Santa Clara nunca conseguiu vencer, aliás 3 vitorias tangenciais da equipa do Entroncamento e um empate, será que a estrelinha da sorte pendeu sempre para o lado do União, ou ter-se-á passado algo mais?
JS – Entre outros motivos tais como o factor sorte, como refere ou outros que mencionei anteriormente, julgo que no nosso íntimo, sobretudo no primeiro jogo, subestimamos o valor da equipa do Entroncamento. Nos dois jogos fora o Entroncamento acabou por fazer valer o factor casa até porque têm um recinto tradicionalmente complicado até pelas suas características.


CA – Em Montreux foi um dos jogadores mais em foco na selecção Moçambicana, quer fazer um comentário acerca da vossa participação, tendo em conta a manutenção no grupo A.
JS – A participação no Mundial teve um saldo muito positivo. A nível individual consegui alcançar o meu espaço na selecção, tendo conseguido marcar golos que ajudaram decisivamente a selecção e o meu país a alcançar uma posição de destaque no panorama do hóquei mundial. No aspecto colectivo, apesar de começarmos bastante mal com uma derrota frente aos Estados Unidos, acabamos por ser uma das surpresas da prova acabando no 9º lugar, a frente de equipas que têm feito um trabalho muito regular nos últimos anos a nível de selecção tais como a Inglaterra, o Chile ou Andorra.
CA – O que achou da selecção Portuguesa, até pelo facto de a terem defrontado na fase de grupos, estando inclusive a vencer por 2-0, e tendo marcado mais golos nesse jogo do que em todos os outros já efectuados?
JS – É fácil criticar opções quando elas não resultam. Agora o certo é que dentro das nossas portas só nós é que sabemos o que lá vai e os porquês de optarmos por determinadas opções em detrimento de outras. O valor de cada elemento da selecção portuguesa inclusivamente da sua equipa técnica é inquestionável pelo que não vou se quer tecer quaisquer tipo de considerações sobre a campanha menos positiva neste mundial. No que a nós respeita, mostramos que tínhamos um grupo com valor e que se calhar com uma pontinha mais de sorte poderíamos ter feito um pouco melhor. Honramos a camisola e o país que representamos. Aliás o feed-back que obtivemos desde Moçambique foi precisamente nesse sentido do reconhecimento da nossa entrega.
CA – A Espanha foi um justo vencedor?
JS – A Espanha foi claramente um justo vencedor. Possui uma equipa jovem mas muito experiente e apesar de possuir atletas de valor individual inquestionável fazem valer de uma forma brilhante o colectivo.
CA – O 2º lugar da Suiça, foi mero acaso, ou acho que está a dar frutos o trabalho que está a ser feito por terras helvéticas, sem esquecer o dedo do português Pedro Antunes que foi treinador de sete dos jogadores da equipa Suiça enquanto juniores?
JS – Apesar de terem jogado o Mundial com o factor casa a seu favor, onde tiveram um apoio massivo por parte dos seu adeptos, pessoalmente acredito que este resultado não surge por acaso um acaso do destino mas antes se trata de um merecido prémio a todo um trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos anos pelos diferentes agentes desportivos muito em particular os próprio jogadores que acreditaram sempre na possibilidade de fazerem um brilharete como anfitriões desta prova e naturalmente sobressai também o valoroso contributo de Pedro Antunes ao longo destes anos.
CA – Para terminar, o futuro passa pelos Açores, ou vamos vê-lo a defender outro emblema na próxima época?
JS – De momento, até porque me encontro a terminar a minha licenciatura em Serviço Social, o futuro passa pelos Açores e pelo Santa Clara, onde terei a oportunidade de participar num projecto aliciante que visa a médio prazo para além de estabilizar a equipa na segunda divisão nacional trabalhar com grande afinco a formação desportiva, moral e social dos nossos atletas mais jovens e aproximar o nosso hóquei aos adeptos do clube e demais população da ilha.
CA – Obrigado, felicidades para a sua vida desportiva tanto a nível de clube como a nível de selecção.
JS – Em nome do Clube Desportivo Santa Clara, da Federação Moçambicana e em meu nome obrigado pela atenção que nos foi prestada. Desde já faço votos que continuem com este trabalho magnífico que tanta falta faz ao nosso hóquei. Felicidades.

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa entrevista, actual e incidindo em coisas actuais:
1. A opinião sobre o Tomar e Entroncamento
2. O mundial de Montreux

Anónimo disse...

Afinal ainda existem pessoas a reconhecer o trabalho do José Ventura e dos atletas do União.

Anónimo disse...

O Mister José Ventura, e de uma vez por todas não saiu do União devido ao bom ou mau trabalho que desempenhou.

Anónimo disse...

Um grande abraco ao Julinho (Jose Soares) e parabens p/ esta reportagem;
Ze Carlos