quinta-feira, 16 de agosto de 2007

ENTREVISTA DA SEMANA

Paulo Beirante, iniciou a carreira em Tomar onde envergou durante muitos anos a camisola do Sporting local, chegando a representar a selecção nacional de Juniores fruto das boas exibições que ia fazendo. Já em sénior, e depois de uma passagem pela ACR Santa Cita acredita no projecto idealizado por João Maria Vaz e com mais outros atletas trazem de novo o União Futebol Entroncamento ao convívio dos seniores e ao nacional da 3ª divisão. Depois de ter tirado o peitilho, capacete e arrumado as caneleiras dedica-se a treinador trabalhando no União e mais tarde no Tomar. Agora vai liderar a secção juvenil do Sporting com o intuito de fazer regressar a equipa Nabantina aos bons velhos tempos a nível de formação e começar um trabalho que visa formar a equipa de seniores com jogadores oriundos dos escalões de formação do clube, foi com ele que o Cartão Azul se encontrou para a entrevista da semana.
CA – Bom dia Paulo, fala-me do projecto que tens em mente para a secção juvenil do SC Tomar?
PB – Agradeço desde já o facto de dares a possibilidade de falarmos um pouco da Secção Juvenil do Sp. Tomar. Este projecto tem como principal objectivo preparar as bases para uma Equipa Sénior que se deseja com jogadores formados nas equipas da Região. O Sp. Tomar cujo nome é reconhecido por todos aqueles que estão ligados á modalidade, sempre foi uma referência na Região, sendo agora ultrapassado pela Juv. Oureense que através do Miguel Cunha fez um trabalho notável de ascensão até à 1ª Divisão onde se encontra hoje por mérito próprio. O Sp. Tomar sempre teve historial nas camadas jovens, alcançando títulos nas equipas de competição, estando em fases finais dos Camp. Nacionais e o que se tem verificado nos últimos anos, é que essa presença é ocasional e não assídua, como pretendemos. Neste ponto, há que trabalhar para voltar a ter equipas competitivas e ter pelo menos sempre a equipa de Juniores na fase final do Campeonato, dado que é aqui que se lançam os jogadores para uma equipa de Seniores que garanta uma tranquilidade e permanência na 2ª divisão. Este clube tem que ter a mentalidade de andar sempre na luta pelos primeiros lugares da classificação e para que isso aconteça teremos que fomentar toda a cadeia desde as escolas até aos Juvenis. Eventualmente, poderá sonhar-se com a 1ª Divisão, mas julgo que não existe ainda uma estrutura sólida capaz de ir mais longe.
CA – Qual a janela temporal para que este projecto comece a dar frutos?
PB – A pressa é inimiga da perfeição, e o trabalho que iremos realizar passa por desde já organizar a Secção, dividindo-a em 3 patamares (Iniciação, Pré-Competição e Competição). Esta época, a Secção contratou mais 4 treinadores, tendo actualmente 11 elementos ligados à Equipa Técnica liderada respectivamente pelo Pedro Nobre, Pedro Nunes e Ricardo Cardoso. Irá ser um esforço enorme para mantermos esta estrutura mas foi definido por esta Secção que teríamos de dar mais e melhores condições ás nossas equipas e por isso, efectuámos um acordo para a cedência de algumas horas de treino com a ACR Carvalhos Figueiredo que nos irá permitir treinar em alguns escalões 3 vezes por semana. Julgo, a verificar pelo interesse dos Treinadores e jogadores neste projecto, que dentro de 2 a 3 anos podemos alcançar o nosso objectivo.
CA – A secção juvenil do SC Tomar nos últimos tempos organizou dois eventos com bastante sucesso, refiro-me ao torneio 3x3 e ao “Clinic”. Em relação a esta ultima como se consegue um evento desta dimensão tendo como base sustentadora jogadores do prestígio de um Filipe Santos e do Edo Bosch?
PB – Foram 2 eventos interessantes e com sucesso, como foi dado a conhecer pela Comunicação Social. Foram os primeiros passos desta nova estrutura e que vieram ao encontro das nossas ambições. O Torneio 3x3, teve nos seus mentores (Simões, Carlos Emídio e Tozé) a grande força e dedicação, dado que não foi fácil conseguir conciliar horários, disponibilidade das pessoas e conseguir manter a um nível superior durante um fim de semana um evento onde participam dezenas de jogadores. Foi a 1ª iniciativa na nossa região e posso adiantar que a 2ª edição já está marcada para o 3º fim de semana de Julho com novas atracções.
Quanto ao “Clinic”, julgo que teve o resultado desejado, trazendo até Tomar figuras tão prestigiadas do Desporto Nacional. Foi uma ideia que surgiu, quando em Março estive a observar os treinos do FC Porto durante uma semana (integrado no Curso de Treinadores – nível II) e mantive uma relação de grande amizade com alguns jogadores, entre eles o Filipe Santos, o Reinaldo Ventura, o Edo Bosc e o Nelson Filipe, pois todas as tardes trocávamos impressões sobre a modalidade, até que em certo momento questionei-os na possibilidade de promover um Clinic em Tomar com a presença de vários jogadores da Região. A resposta foi imediata e todos concordaram em vir e posso afirmar que só o Reinaldo não veio porque estava ao serviço da Selecção Nacional. Foi uma experiência maravilhosa para os mais jovens, e também gratificante ver estes jogadores ao lado dos seus ídolos. Para mim, pessoalmente, foi comovente ver a alegria estampada em alguns miúdos.
CA – Pelas informações que tenho tido acesso, e derivado ao sucesso que a “Clinic” teve, está a secção juvenil já a preparar a 2ª edição?
PB – É evidente que não podemos ficar indiferentes ás solicitações que nos foram chegando para que mais iniciativas deste género se fizessem, e posso referir que a 2ª edição é já uma certeza. Desde logo, pela disponibilidade demonstrada pelos Monitores que cá estiveram e depois pela vontade desta Secção em querer dar a possibilidade a todos os jovens da Região de partilhar alguns momentos com os jogadores de referência do Hóquei Nacional. Está em fase bastante adiantado o projecto que temos para a 2ªedição e terá desta vez a colaboração da CM Tomar, que acolheu de braços abertos esta nossa ideia.
CA – E os moldes em que a mesma irá decorrer? Mais dias? Regime de internato, semi-internato? Em que altura do ano, para não coincidir com outras clínicas espalhadas pelo país? Filipe Santos, João Lapo, Edo Bosch e Nelson Filipe outra vez, ou outros jogadores de igual projecção?
PB – Ao dialogar com os Monitores, foram unânimes em afirmar que um só dia é pouco para conseguirem desenvolver o que quer que seja, e foi-me solicitado que para a próxima tivesse a duração de mais alguns dias. Não posso no presente momento, afirmar que serão os mesmos monitores a estarem presentes, como todos sabem a Final Four da próxima época é no último fim-de-semana de Junho e estes jogadores poderão estar envolvidos nessa competição. Dado que no início de Julho, começam os diversos Clinic’s a nível Nacional, teremos que arranjar uma oportunidade de trazer até Tomar jogadores com que os mais jovens se identifiquem, pois caso contrário a frustração poderá ser inimiga do sucesso. Vamos esperar.
CA – Na época 02/03 fostes um dos responsáveis pelo I Torneio Internacional “Cidade do Entroncamento” em Infantis, torneio esse que foi um sucesso e com bastante projecção a nível do órgãos de comunicações social regionais e não só, agora que estás novamente integrado num grupo dinâmico e com ideias e provas dadas como foi os eventos atrás mencionados, para quando um torneio Internacional do SC Tomar?
PB – Foi com bastante orgulho e até com saudade, que fiz parte dessa organização. Com a equipa de Seccionistas que temos no Sp. Tomar, só posso estar tranquilo quanto á capacidade de organização de qualquer evento, e um Torneio Internacional carece de muito trabalho e tempo despendido na sua concretização. Durante o descanso desportivo, esta Secção tem trabalhado afincadamente para que no dia 3 de Setembro (Apresentação), tudo esteja previamente definido quanto a eventos a realizar e objectivos definidos para a época 2007/2008. Um dos grandes eventos que iremos ter, é a realização do I Torneio Internacional com o patrocínio da Mc Donalds. Este torneio em anos anteriores teve sucesso só com equipas nacionais, ás quais queremos esta época trazer algumas equipas estrangeiras. Irá realizar-se nos dias 5, 6 e 7 de Outubro, com a apresentação das nossas equipas e posso referir que já temos a garantia de que a equipa espanhola do Alcobendas (Madrid) virá com a sua equipa de Infantis. Temos também em fase adiantada um contacto com uma equipa francesa para vir até Tomar, mas aqui reside alguma dificuldade pela data em si. Vamos ver. Um facto é que as equipas nacionais (Benfica, Sporting, entre outras) já confirmaram a sua presença.
CA – Na última época em que estiveste á frente de uma equipa, neste caso de infantis foste campeão distrital e disputaste o Nacional (Zona Norte). O que te levou a abandonar o ano seguinte a função de treinador e passares para o trabalho de “bastidores”?
PB – Não foi um “abandono” mas sim uma pausa. Fui confrontado com uma nova realidade na minha vida profissional com outras responsabilidades que me ocupam bastante tempo e dado que um projecto de liderança técnica de uma equipa sénior requer muito trabalho de planeamento, tive a noção de que não poderia servir os melhores interesses do clube e devido a isso, resolvi sair.
O regresso ao clube, agora nas funções de Coordenador, surgiu de uma conversa com os Técnicos da Secção que solicitaram a minha presença para algumas questões que gostariam de ver resolvidas e também pela solicitação de alguns seccionistas, que manifestaram uma vontade própria em querer relançar a Secção Juvenil para outros patamares. Vou tentar ajudar uma equipa de seccionistas trabalhadores e colocar o nome do Sp. Tomar de novo nas competições nacionais.
CA – Enquanto atleta estiveste grande parte da tua carreira no SC Tomar, depois virias a passar pela ACR Santa Cita antes de aceitar o convite do João Maria para formar uma equipa de seniores no União. Como surgiu o convite e o que te levou a aceitá-lo?
PB – É simples. A abordagem das pessoas foi sincera e honesta, afirmando que gostariam de contar comigo para iniciar um projecto que visava a criação dos seniores e consequente subida à 2ª Divisão. Primeiro o João Maria, que iniciou uma conversa nesse sentido e depois, o Luís Filipe Boavida (ex-Presidente do UFE) que através de uma conversa séria e bastante esclarecedora, me confirmou a vontade da direcção em me convidar para este projecto. Não escondo que a minha vida particular mudou nessa altura com a ajuda destas duas pessoas, a quem estou reconhecido e só posso afirmar que foi a melhor decisão que tomei enquanto jogador, pois a amizade e a “família” que fui encontrar foram o melhor prémio que recebi.
CA – Que diferenças vês no União da tua altura enquanto jogador e treinador e o União de alguns meses atrás (Hugo Lagos) e actual (Vítor Frutuoso)?
PB – Seria da minha parte incorrecto estar a fazer comparações. Não tive o privilégio de
conviver no clube com as pessoas que agora comandam os destinos do clube, sendo certo, que os conheço pessoalmente e tenho uma opinião formada sobre elas, mas posso afirmar que o UFE do tempo em que estive a representá-lo nada tem a haver com o de agora. A estrutura era outra, existia uma preocupação em privilegiar os mais novos e a dada altura, inverteu-se esse objectivo. Agora, conhecendo o actual Presidente, espero que retome a politica de antigamente pois sem formação não conseguem manter a estrutura sénior.
CA – Sei que és uma das pessoas que tem o privilégio de privar com o João Maria, como vistes a sua saída do União e na tua opinião o que a mesma causou ao clube em particular e ao hóquei ribatejano em geral?
PB – Respondo com uma questão – Como será o FC Porto sem o Pinto da Costa ?
CA – Acreditas que ainda vamos ver o João Maria com funções no União ou na Associação?
PB – Ninguém duvida da paixão que o João Maria tem ao Hóquei. Posso confidenciar que quando fui convidado para Treinador da Equipa Sénior do Sp. Tomar, a primeira pessoa a quem eu recorri para ouvir a opinião, foi ao João Maria. Tenho uma enorme admiração pela pessoa e pelo seu carácter, e por tudo o que fez pelo hóquei enquanto Coordenador do UFE. A certa altura pela sua capacidade de luta pelos interesses da Secção Juvenil e por não partilhar uma decisão da direcção, decidiu abandonar fisicamente o UFE deixando a modalidade mais pobre, mas nunca o escondeu o seu carinho pelo clube e vai vivendo intensamente o seu UFE mas não acredito que venha a integrar uma direcção quer no clube ou associação. No entanto, nunca recusou ajuda quando questionado sobre assuntos da modalidade ou outros, sendo certo que elementos com a paixão e fervor do João Maria fazem falta ao Hóquei Distrital e Nacional.
CA – Deixando o União para trás e voltando a Tomar, este ano vamos ter pela primeira vez a SFG Pais a participar num Nacional de seniores, sob a batuta do Hélder que será treinador-jogador, como vês esta participação? Será o aproveitar da equipa de juniores, e o primeiro passo no consolidar da colectividade, ou pelo facto de os escalões de formação estarem descontinuados motivará que mais ano menos ano o clube deixe de participar no Nacional de seniores?
PB – Em primeiro lugar, dar os parabéns ao excelente trabalho que o Hélder tem feito desenvolvido pelos clubes onde passou, conquistando alguns títulos nas diversas categorias. Agora encabeçando um projecto em que uma equipa sénior irá nascer com a integração de alguns jogadores que estavam parados e agora podem ter a possibilidade de vir novamente a competir. Será na certeza uma experiência diferente para a Gualdim Pais mas não para o Hélder, e será certamente na experiência dele que a actual Secção se irá situar. Vamos aguardar com alguma expectativa a presença desta equipa na 3ª divisão.
CA – Como são as relações SC Tomar – SFG Pais, visto que sempre houve jogadores descontentes de um lado a ingressarem noutro e vice-versa e depois a regressarem ás origens, e contratações como é o caso este ano do Ivo?
PB – Enquanto for Coordenador da Secção Juvenil do Sp. Tomar, as relações só podem ser as melhores e para reafirmar, informo que convidámos a Gualdim Pais através do seu Coordenador – João Almeida, para estarem presentes no Torneio em Outubro. O Trabalho realizado pelo João Almeida e seus colaboradores tem sido notável na defesa dos seus interesses, havendo a possibilidade de termos jogadores de um lado e do outro. O que aconteceu com a vinda do Ivo para o Sp. Tomar pode acontecer com um nosso jogador a ir para a Gualdim Pais, caso o projecto que se apresente seja do agrado do jogador como penso que foi o que aconteceu neste caso. Já agora, aproveito para realçar que as relações que temos com a ACR Santa Cita são igualmente as melhores e para terminar posso adiantar que está em estudo uma ideia, reforçando esta união e que em breve será dada a conhecer.
CA – Na equipa da Gualdim além do Ivo, outro valor desponta e é já uma certeza no hóquei patinado regional e não só, é claro que estou a falar do Filipe Almeida. O SC Tomar está a acompanhar a evolução do atleta no intuito de um dia poder representar a equipa?
PB – È inegável o valor deste Atleta. Neste momento, na minha opinião, é o jogador mais valioso da nossa Associação, quem não o queria como seu jogador ?. Tendo como exemplo outros nomes como o Jorge Godinho (Benfica) e o Pedro Nobre (Sporting CP) que chegaram a outro nível, o Filipe tem todas as condições de poder singrar na alta competição. O Sp. Tomar está interessado em todos os bons jogadores e naturalmente que o Filipe enquanto tomarense merece uma maior atenção, só que não basta querer tem que haver também um interesse por parte do atleta em representar o clube. Quem sabe, talvez um dia.
CA – Além do Filipe existem outros jogadores, que a secção juvenil do SC Tomar acompanhe com o mesmo intuito?
PB – O meu projecto assenta em conseguir uma base de jogadores da região que consigam gradualmente atingir a equipa sénior já com alguma experiência de Camp. Nacionais. Já esta época e em colaboração com o treinador dos seniores – Nuno Lopes, vamos iniciar esse trabalho com alguns dos nossos jogadores mas não posso esconder que temos em vista alguns dos jogadores que gostaríamos convidar para a próxima época. Como afirmei, quero ter dentro de 2 a 3 anos uma equipa Júnior na fase final do Camp. Nacional.
CA – Para terminar resta-me agradecer a tua disponibilidade e deixar o espaço aberto para qualquer iniciativa/divulgação que o SC Tomar leve a efeito e para deixares alguma mensagem que aches oportuna aos nossos visitantes.
PB – Agradeço a oportunidade que o “Cartão Azul” me deu para informar, ao contrário do que alguns dizem, que estou no Hóquei para o servir e não para usufruir. Esta modalidade é a minha paixão, o meu oxigénio, e os amigos que tenho granjeado ao longo destes anos superam em muito aqueles me insultaram e criticaram. A esses só posso pedir – DIGNIFIQUEM A MODALIDADE, FAZENDO.

4 comentários:

Anónimo disse...

excelente entrevista! de facto o sp.tomar é o melhor clube que está a trabalhar melhor a formaçao. gente com capacidade é sempre bem vinda,e o paulo beirante é exemplo disso! só um senao nesta entrevista beirante..o sp.tomar nao pode viver da formaçao para ter boas equipas nos seniores. nao consegue! tomar é interior..nao tem universidades..e os jogadores com 18-19 anos vao embora! o sp.tomar se quer voltar a ser grande no hoquei,tar na 1ªdivisao,tem que obrigatoriamente investir em estruturas do clube para tirar dividendos financeiros! e apartir dai ter boas equipas de seniores! estes projectos sao muito bonitos..muito importantes..concordo..mas num clube como o sp.tomar que nao tem espaços proprios,que nao tem dividendos das suas instalaçoes,que vive de alguns patrocinios de empresas da regiao..ta destinado o fracasso!! agora em relaçao á formaçao..excelente!

Anónimo disse...

Este é o caminho certo. Gilberto Dias Borges - SCP

Anónimo disse...

Como vêem estamos a falar de 10 equipas. Lisboa na época passada tinha, salvo erro, o dobro de equipas e fez duas séries. GDB-SCP

PATINSLOVER disse...

Parabéns Beirante,
Penso que o teu projecto, pode realmente trazer de novo o Hóquei ao mais alto nível, daqui a poucos anos.
Uma casa começa-se pelas bases e não pelo tecto.
Grande abraço para ti que foste colega do meu irmão durante muitas ocasiões.
Força!
Pedro Antunes