terça-feira, 28 de agosto de 2007

JORGE GODINHO - A ENTREVISTA

Jorge Godinho é um veterano do nosso hóquei e que se dispôs prontamente em dar a entrevista. Aqui o jogador aborda o seu futuro na modalidade, a participação de Portugal no Mundial, a sua carreira e deixa umas dicas aos jovens que têm como objectivo serem jogadores de hóquei em patins.
Há uns tempos atrás ainda não se sabia se ias continuar a jogar. Esta época vais assumir as funções de treinador-jogador em simultâneo?
Sim. Este ano vou continuar a jogar em simultâneo. Farei parte duma equipa técnica constituída pelo, também jogador, Nuno Domingues e com o Prof. Francisco Mendes.
Que esperas dessa nova experiência?
É uma experiência que já anteriormente assumi, pese embora ache que não seja a ideal. Estou esperançado que com a ajuda dos meus colegas e da direcção consigamos alcançar os objectivos.
É um sinal de que irás continuar ligado à modalidade depois de pendurares os patins?
Sim, sem duvida. Já levo 10 anos de treinador de camadas jovens em simultâneo com a de jogador e espero que no espaço de 1 a 2 anos assuma a tempo inteiro ser só treinador.
Quais os objectivos da Juventude Ouriense para a próxima época?
O objectivo da Juventude Ouriense é continuar a dignificar a cidade e o clube. Logicamente que a manutenção na 1ªdivisao é a nossa meta. Vai ser muito difícil mas tudo faremos para a alcançar. Seremos uma equipa teimosa, humilde e com vontade de discutir todos os jogos ate ao fim para alcançar o melhor resultado possível.
O F.C.Porto, na tua opinião, continuará a dominar o hóquei português?
Sim, o Porto vai continuar a dominar o hóquei português, tal como o Benfica dominou na década de 90. Este ano, penso que o Porto vai demorar um pouco de tempo a ultrapassar a perda do Pedro Gil e do Reinaldo. Eram jogadores que desequilibravam de um momento para o outro. Naqueles momentos que pareciam perdidos eles apareciam. O Benfica terá este ano mais hipóteses. Mexeu pouco, os jogadores estão mais ambientados ao que o Carlos Dantas quer e como tal prevê-se uma grande luta entre ambos.
Que comentário fazes à participação de Portugal no Mundial de Montreaux?
Como português, obviamente que não gostei da classificação da equipa portuguesa, mas não culpo o Paulo Baptista nem os jogadores por esse insucesso. Considero que o Paulo tinha vindo a fazer um excelente trabalho, reestruturando muita coisa dentro da estrutura técnica da Federação e por isso merece sempre o respeito de todos. Um resultado menos bom, fez com que a classificação fosse a que fosse. À Espanha num campeonato do mundo no Porto também lhe aconteceu igual e continuou o mesmo trabalho. Por isso é que hoje estão como estão, a trabalhar com muita regularidade. Por sua vez, Portugal está a querer ganhar no imediato, o que é mau.
Concordas com as novas regras do hóquei em patins?
Há algumas que considero positivas, outras vão ser muito difíceis de adaptar.
O que mudavas para voltar a colocar o hóquei em patins na ribalta?
Mais acompanhamento da comunicação social, jogos em directo na Tv, diminuição de custos para os clubes e obrigatoriedade de jogos de miúdos antes e no intervalo de jogos.
Quais as melhores recordações da carreira de hoquista?
Foram muitas, boas e más, como tudo na vida. Pela positiva, a nível de selecção, destaco a primeira internacionalização num europeu de juvenis em Andorra, o título de campeão europeu de juniores em Sesimbra e a conquista do torneio de Montreux em seniores. A nível de clubes, as subidas à 1ª Divisão pelo Sporting de Tomar e pelo Juventude Ouriense. No Benfica os 5 campeonatos nacionais, as 4 taças de Portugal e as 3 Supertaças. Pela negativa descida do Sporting de Tomar e a perda do título da Taça dos Campeões Europeus por um golo em Igualada.

Achas que o facto de teres passado pelo Benfica numa altura fragilizada do clube, te tira o mérito que terias se o clube estivesse em grande?
Não me tira mérito nenhum. Antes pelo contrário. Em situações fáceis toda a gente tem mais facilidade em estar lá em cima. Os anos que passei no Benfica, nas circunstâncias que foram, só me fez crescer como atleta e como homem. Tínhamos um conjunto de atletas com um carácter incrível. Foram colegas que jamais esquecerei e que hoje em dia procuro dar como exemplo as atitudes passadas por eles. Não só os colegas, como o treinador Carlos Dantas. Era tudo para nós, treinador, amigo e, para alguns, como um segundo pai. Foram momentos inexplicáveis. Com 7 meses de ordenados em atraso, ganhámos o campeonato, a taça de Portugal e Supertaça. Só faltou a Taça dos Campeões. Arrepiava ter como colegas de equipa pessoas como o Luis Ferreira, o Paulo Almeida, o Vítor Fortunato, o Rui Lopes, o Fernando Almeida, o Zé Carlos, todos. Foi um grande orgulho pertencer aquela família. Não é por acaso que passado este tempo todo, continuamos a encontrarmo-nos várias vezes por ano para jantarmos, recordar velhos tempos, dialogar sobre o hóquei actual e trocar experiências.
Sentes-te feliz com a carreira que construíste, ou há algum objectivo falhado?
Sim, fiquei contente com a minha carreira de jogador. Não sendo um jogador que desequilibrasse muito, considero que fui um jogador útil. Pensei sempre no colectivo e nunca em termos pessoais. Mesmo no Benfica, não sendo um jogador de top, considerava o meu trabalho muito valioso. Fazia tudo o que o Dantas me pedia, conseguia perceber logo o que ele queria de mim. Muitas vezes passava treinos a tentar imitar características do adversário para por a equipa titular atenta. Quando Dantas aparecia com acções novas para mim era excelente. Portanto, se sempre tive respeito por parte dos treinadores era porque realmente merecia e no caso do Carlos Dantas, se tinha uma admiração e um orgulho em ser treinado por ele, também sentia que ele tinha respeito por mim. Em Tomar, penso que também fui um exemplo. Defendi sempre o clube até à exaustão, foi pena ter saído da forma que saí, mas tudo bem.
Qual o clube que mais te marcou?
Todos, mas de uma maneira diferente. O Sporting de Tomar por ser o clube da minha terra, onde iniciei tudo. O Benfica pela grandeza que é representar aquela camisola, deu-me projecção como jogador e deu-me títulos. A Juventude Ouriense, pela simpatia e simplicidade como me receberam. Tive a sorte de no primeiro ano que chego a Ourém subirmos logo à primeira Divisão, coisa impensável no clube.
Que conselhos dás aos jovens que gostam e praticam a modalidade?
Aos jovens digo que para chegarem ao top é preciso fazer muitos sacrifícios. Gostar muito de hóquei em patins, ter sempre desejo de aprender mais, respeitar todos para que sejam respeitados também e nunca desanimar, acreditar sempre que é possível. Eu, por exemplo, durante 6 anos fazia 300 quilómetros diários para treinar, treinar com os melhores.

Cortesia:
Entrevista: Blog "Tenho uma ideia"
Fotos: Site "Juventude Ouriense"

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem é que vai treinar os Juniores no Nacional?

Anónimo disse...

quem vai treinar os juniores da jo no nacional é o mesmo que treinou os juniores da jo no distrital.jorge godinho