quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

FORMAÇÃO EM VIALONGA

A bola de hóquei segue no bastão de Helton. O jogador do Grupo Desportivo de Vialonga, escalão de infantis, tez mulata, segue em velocidade e protege o esférico, que passa para a posse de Palma. Em paralelo, o rapaz louro recebe a bola do colega, e devolve-lha da mesma forma, num movimento do hóquei em patins a que se chama cortina.
Os dois jogadores treinam no “viveiro” do GD Vialonga, numa sexta-feira à noite. Em véspera de jogo, para Helton, 12 anos, a preparação com os colegas do escalão de iniciados não basta e, duas vezes por semana, pratica nos treinos da escola de formação de hóquei em patins do GD Vialonga os movimentos que mais falta lhe fazem quando, em jogo, tenta dar a vitória à equipa que traja de azul.
“Só não treino quarta-feira e sábado, porque tenho jogo” explica Helton. O jovem, que chegou há um ano ao GD Vialonga com a mente no futebol, acabou por se deixar conquistar pelo hóquei e quer ir mais além. “Queria praticar um desporto que me abrisse o futuro. Estou a descobrir mais sobre o hóquei e quero ser jogador profissional”, explica o atleta. Para Palma, 13 anos, o hóquei em patins é uma paixão com quatro meses. Inscrito nos treinos da formação, pratica patinagem e os movimentos de jogo que lhe farão falta quando for integrado na equipa de iniciados, na próxima época.

A formação do clube no hóquei em patins assenta na figura de Joaquim Bolacha Gomes, que não prescinde de um par de opiniões vincadas sobre a modalidade. “Ando na formação de miúdos há 41 anos. Não gosto de transformar uma escola de hóquei num “aviário”. Forçar os miúdos para lá dos limites dos seus corpos e mente é perigoso. Os pais, por vezes, exigem de mais dos filhos”, conta a O MIRANTE.
O treinador, que formou jovens atletas no FC Alverca e no Sporting Clube de Portugal, antes de regressar ao clube ribatejano, chegou há cinco épocas a Vialonga e treina jovens entre os 4 e os 13 anos. Bolacha Gomes apoia os alunos dos escalões de aprendizagem e os atletas dos infantis e iniciados com necessidades de maior prática desportiva, por terem chegado há menos tempo ao clube, ou por estarem em fase de transição para outro escalão ou nível competitivo. “Há clubes onde só aceitam miúdos até aos sete ou nove anos. Aqui, aceito todas as idades, porque é possível recuperar terreno e chegar ao nível dos que patinam há mais tempo”, explica. Ao todo, o técnico treina 21 atletas esta época, que prepara para seguirem para as equipas competitivas a tempo inteiro.
“Custa-me deixar de os poder apoiar quando transitam para os escalões superiores mas o gozo de ver todos os anos novos atletas para a modalidade é maior”, conta Bolacha Gomes. O treinador, que ensinou os primeiros segredos do hóquei a atletas como Valter Neves (Benfica, vice-campeão da Europa pela selecção de Portugal em 2008), Sérgio Silva (Bassano, de Itália), David Abreu (AD Oeiras, 1.ª divisão) David Caeiro (Tigres de Almeirim), e a campeã do mundo Sandra Silva (treinadora das séniores do Nafarros), sente orgulho quando vê atletas que treinou alcançarem sucesso em Portugal e no estrangeiro.
No Vialonga, os alunos da escola de formação vão chegando. Na época 2009/2010, o clube deverá apresentar uma equipa no escalão de bambis (entre os 4 e os 5 anos). Os escalões de benjamins, escolares, infantis e iniciados do clube vão mantendo viva a chama do hóquei patins para os mais jovens. “Mas é necessário sempre mais miúdos para poder formar novas equipas”, conclui.

Titulo: Cartão Azul
Noticia: Jornal "O Mirante"

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