quinta-feira, 3 de maio de 2012

"O OBJECTIVO A QUE NOS PROPUSEMOS FOI ATINGIDO"

Sábado dia 21 de Abril ficará gravado na história do União Futebol Entroncamento, como o dia em que o clube regressou à 2ª Divisão após 3 anos a militar na 3ª Divisão, e onde nas duas últimas épocas tinha acabado na 3ª posição (2009/2010 1º HC Mealhada, 2º HC “Os Tigres”, 3º União FE – 2010/2011 1º ACR Santa Cita, 2º AA Coimbra, 3º União FE). A subida foi sempre assumida pela nova Direcção, e logo na altura da tomada de posse o novo elenco directivo liderado por Sérgio Pinto e que conta por exemplo com um grupo de ex-jogadores Unionistas, nunca escondeu esse objectivo e em Marrazes frente ao AC Sismaria que foi líder durante a maior parte do campeonato acabaram por concretizá-lo. O Cartão Azul foi ao encontro de Mário Serra, responsável pelo hóquei do clube da Terra dos Fenómenos para fazer um balanço da época e tentar  saber novidades para a próxima.


CA – Bom dia Mário, em primeiro lugar os meus sinceros parabéns pela subida e em segundo pela tua disponibilidade. Desde o primeiro minuto assumiram a subida de divisão como objectivo, e assim sendo podemos dizer que o mesmo foi atingido, ou faltou o tal pontinho para o clube poder disputar o título de campeão nacional da 3ª Divisão?
MS – Bom dia Francisco. Antes de mais agradeço em nome de todo o grupo trabalho a felicitação que nos diriges, esta vitória foi inteiramente responsabilidade deles. Respondendo à tua pergunta, é certo que o objectivo a que nos propusemos foi atingido, no entanto não escondemos que a possibilidade de poder disputar o título de campeão nacional da 3ª divisão sempre esteve no nosso pensamento.
CA – Já que falámos nesse pontinho que faltou, podemos dizer que foi a “maldição do Pavilhão Albano Mateus” pois a equipa perdeu 8 pontos em casa (derrotas com o GD Vialonga, CU Micaelense e empate com o A Alcobacense CD) ao passo que fora apenas perdeu 3 pontos (derrota em Alcobaça), alias esta “maldição” foi uma herança que herdaram das anteriores épocas, ou ficou a dever-se a outros factores?
MS – Esses resultados menos bons na nossa casa, foram apenas da nossa responsabilidade. Dos resultados menos bons em casa destaco o empate com o Alcobaça que classifico como normal tendo em conta que foi o nosso primeiro jogo e logo diante um candidato ao título. Vialonga e Micaelense, esses sim, foram maus demais. Não estivemos ao nosso melhor nível, aliás, foram dois jogos que nos feriram o orgulho e que provavelmente nos deram a força e a união necessária para fazermos um final de campeonato brilhante. Quanto ao jogo fora com o Alcobaça, foi seguramente das nossas melhores exibições, mas que derivado a forças externas que toda a gente viu, não nos foi possível sair de Alcobaça com os mais que justos 3 pontos.


CA – Ainda ressalta à vista dos mais atentos e em particular dos sócios e adeptos do União o facto de na última jornada os dois jogos que decidiam subida e vencedor da zona Centro terem começado com uma hora de diferença, quando os regulamentos da FPP dizem que têm de começar à mesma hora. O União vai tomar alguma atitude, ou apenas marcar a sua posição junto da FPP para evitar futuros casos?
MS – Essa é uma realidade e um assunto que não nos está a passar ao lado. O que posso adiantar é que foi feita á FPP uma exposição no sentido de nos ser dado um pedido de esclarecimento relativo a um assunto que poderá estar a colocar em causa a verdade desportiva da prova. Nada temos a apontar aos clubes em questão, o que não percebemos é como é possível esta situação acontecer. Neste sentido, e após análise exaustiva dos regulamentos em vigor, pensamos e estamos a preparar-nos para a partir do próximo sábado estarmos presente na fase final de apuramento de campeão juntamente com o vencedor da zona Norte e Sul.


CA – Depois de um início aos soluços, a equipa entrou num crescendo que apenas foi interrompido em Alcobaça, mas que não afectou o rendimento pois a partir daí foi sempre em altas até ao jogo com o AC Sismaria, no entanto fica na retina o jogo com o HC Lourinhã, em que podiam ter deitado tudo a perder. O que se passou nesse jogo, em particular na 2ª parte?
MS – Como referi anteriormente esse jogo em Alcobaça foi enganador, algumas forças fizeram com que não saíssemos de lá com os 3 pontos. Relativamente ao jogo em casa com a Lourinhã penso que houve da parte da equipa uma confiança extrema que nos poderia ter sido fatal. Depois de uma primeira parte muito boa, houve um certo relaxamento excessivo, onde os atletas interiorizaram que mais cedo ou mais tarde a vitória estava segura. Obviamente não podemos deixar de referir o mérito da Lourinhã que com uma equipa bastante segura nos foi criando algumas dificuldades.


CA – A época começa com Barros Simões como técnico principal coadjuvado por Miguel Jerónimo, que viria depois a substituir Barros Simões como técnico principal. O que motivou a saída do Simões e até que ponto trabalho dele foi também um dos pilares desta subida?
MS – Este é um assunto um pouco mais delicado mas que não quero fugir da questão. Quando convidei o Barros Simões no final da época passada para renovar contrato, tinha a certeza, até pelos 4 meses que tínhamos trabalhado juntos, que estava perante um técnico com capacidades mais que suficientes para atingir os objectivos propostos. A sua seriedade, dedicação, hombridade e acima de tudo o profissionalismo com que todos os dias colocava no seu trabalho não deixava ninguém indiferente. No entanto, em determinada altura sentimos que havia necessidade de quebrar um ciclo e alterar alguma coisa. No final do jogo com o Micaelense em que perdemos em casa perante o nosso público, senti que tinha de abanar o grupo, que alguma coisa teria de mudar. Como em situações destas o treinador é sempre o elo mais fraco quando os resultados não aparecem, em consciência mas contra a minha directriz emocional tive de tomar a decisão. Hoje não me arrependo, como é óbvio, mas também não posso deixar de referir que esta subida de divisão também teve muito do Barros Simões, um amigo para a vida e um Unionista para sempre.
CA – Olhando para o campeonato que balanço fazes dos adversários em particular do A Alcobacense CD, AC Sismaria, CU Micaelense, HC Lourinhã e GD Vialonga. Achas que qualquer destas equipas poderia ter subido, ou apenas os três classificados mostraram verdadeiros argumentos para tal?
MS – Sinceramente Francisco, penso que este foi o campeonato nacional da 3ª divisão centro mais forte e com mais qualidade dos últimos anos. Nunca se viu tantos atletas habitualmente referenciados em divisões superiores a participarem este ano em clubes da 3ª divisão. Não vi, muito sinceramente, nenhuma equipa que tivesse a mesma qualidade e a mesma disponibilidade de plantel como o UFE. No entanto, e como esta é uma prova de resistência, os primeiros a chegar ao final melhor classificados, foram o UFE e o Alcobaça, logo são as melhores equipas. Queria aqui deixar uma palavra de incentivo á equipa do Sismaria, porque depois de andarem praticamente todo o campeonato na 1ª posição, viu, nos últimos 2 jogos o seu esforço sair frustrado ao não conseguir atingir o seu objectivo final. Um grande abraço para eles, pois dignificaram e valorizaram muito a nossa subida.


CA – Este campeonato fica marcado pelas faltas de comparência do AF Arazede, SC Marinhense e GD Vialonga ao jogo em São Miguel, Ponta Delgada, Açores frente ao CU Micaelense e pela desclassificação do C Stella Maris que teve como base as faltas de comparência da equipa de Peniche aos jogos nos Açores. Como responsável pelo hóquei de um clube que normalmente têm equipas insulares nos seus campeonatos, o que achas que devia ser feito para evitar estas faltas de comparência, e temos de levar em conta que o União alterou a data do jogo nos Açores.
MS – Foram 12 pontos ganhos pelo Micaelense sem jogar. Este é um assunto que não podemos deixar passar e andar a adiar todos os anos. Uma situação como a que se passou este ano na zona centro, pode desvirtuar por completo uma classificação final. No entanto, a responsabilidade não é dos clubes. Só nós sabemos o esforço que foi feito por todos para que pudéssemos estar presente a disputar o jogo nos Açores. Os clubes não podem despender 4500 euros para efectuar um jogo nas ilhas, e se juntarmos o facto de esse valor só ser restituído 6 a 8 meses depois, pior ainda. De qualquer forma sabemos que a Federação não está de braços cruzados e poderá já para a próxima época encontrar uma solução que não prejudique os clubes financeira e desportivamente.
CA – Como foi publicado no site oficial do clube e aqui no Cartão Azul, é sabido que o União já está a preparar a próxima época, e sinal disso é a renovação do capitão Bruno Carvalho por mais uma época. Existem mais renovações, e ou contratações (tendo a noção que ainda é cedo para levantar o véu e ainda há campeonatos a decorrer)?
MS – Obviamente que um dos nossos objectivos imediatos é renovar com os atletas que para o ano farão parte do plantel, e nesse sentido fizemos questão de começar pelo nosso grande capitão Bruno Carvalho. Posso adiantar que pretendemos renovar com a maioria dos atletas que compuseram o plantel nesta época, no entanto também sabemos que uma ou duas saídas vão ser inevitáveis. Quanto a entradas também não escondo que iremos contratar dois ou três atletas para colmatar as saídas e qualificar ainda mais a equipa que pretendemos para a próxima época. Seria incorrecto da minha parte estar nesta altura a falar de nomes, até porque ainda estamos a 2 meses do final da época e tanto o UFE como as outras equipas ainda têm jogos em disputa. A única garantia que posso dar, dentro das possibilidades do UFE, e não subindo o orçamento desta época, é que iremos ter uma equipa que nos irá encher de orgulho durante o próximo campeonato. 
CA – Tenho recebido alguns “inputs” via e-mail e sms a dizer que o Tiago Velez fez a ultima época ao serviço do União e agora vai dedicar-se de corpo e alma à sua “deliciosa” profissão. Queres comentar? 
MS – Segundo o que tenho falado com o Tiago ao longo de toda a época, a sua saída não faz qualquer sentido. O Tiago é um grande Unionista e um atleta de eleição. Fez toda a sua vida no União dedicando-se a cada treino como se fosse o último, e sinceramente não acredito que depois de uma ano de bastante sacrifício que sabemos que ele fez para poder estar presente em praticamente todos os treinos, que enjeite a oportunidade que terá para o ano de jogar na 2ª divisão, prémio esse que saiu e muito do seu trabalho e do seu espírito. É a par do Capitão Bruno Carvalho, o atleta que transporta a alma unionista para o balneário, nunca virando a cara á luta. É um campeão e jogadores como o Tiago farão sempre parte da história do clube.


CA – Vamos deixar os seniores para traz e falar das camadas jovens. Como está a correr a época dos jovens Unionistas e podemos dizer que a médio prazo temos de novo o União de volta à ribalta do hóquei Ribatejano?
MS – Penso que sim Francisco. Temos feito uma aposta muito vincada na reorganização da nossa estrutura de formação. Encontramos um grande défice técnico e táctico nos nossos atletas. Tem sido um ano em que temos tentado apostar na qualidade técnica, estruturamos a nossa secção permitindo aos nossos seccionistas uma maior facilidade nas suas tarefas diárias. Os nossos atletas hoje têm uma maior noção do que deles é pretendido. Penso muito sinceramente que nos próximos anos poderemos ter uma equipa de volta aos nacionais após um interregno de muitas épocas.


CA – Até que ponto o regresso do João Maria (Sr. João como carinhosamente é conhecido por todos os amantes do hóquei), veio dar outro dinamismo ao hóquei juvenil do clube?
MS – O João Maria é daquelas pessoas que todos gostariam de ter ao seu lado. Pessoalmente, não tenho forma de lhe agradecer não só o que todos os dias dá ao União, como o que no passado nos deu a todos nós. Revejo-me muitas vezes nele, nomeadamente nas decisões que tomo e nas opções que tento seguir. Não tenho absolutamente dúvida nenhuma que sem ele na estrutura da secção de hóquei, os resultados demorariam muito mais tempo a concretizar.
CA – A situação que o País atravessa é transversal e afecta todos, desde o comum cidadão, às Instituições desportivas, passando por outras como é óbvio, e isso reflecte-se por exemplo, na falta de patrocínios, ou de menor valor, nos subsídios camarários, etc. O que é que esta Direcção tem feito para atenuar este problema?
MS – Francisco, eu coloco é a questão de outra forma: O que podemos fazer mais para inverter a situação? Não é novidade para ninguém que encontramos o clube numa situação muito complicada e que se não voltássemos a dar actividade social e desportiva  não conseguiríamos manter a sustentabilidade por muito mais tempo. Como sabes fizemos em Fevereiro um ano de mandato, e desde essa altura temos sido confrontados com um numero de situações desagradáveis no qual somos alheios. Desde facturas de acertos de luz dos últimos 3 anos no valor de milhares de euros, passando por uma escassez de patrocínios e terminando no atraso de pagamentos dos subsídios camarários em vários meses. Esta direcção e os amigos do União têm sido incansáveis no que diz respeito a solucionar todos os problemas de tesouraria, fruto do grande dinamismo e capacidade de trabalhos de todos aqueles que gostam do clube e participam activamente no dia-a-dia do União.
CA – Sabemos que no próximo sábado dia 05 de Maio a partir das 19:00 horas será realizada no Albano Mateus a I Festa das Sopas, e que no dia 20 do mesmo mês será realizado um Rally Paper. Que outras iniciativas têm em carteira?
MS – Como disse anteriormente, temos de ter um grande ecletismo para que se consiga manter a mesma política de gestão do clube. Desde a Festa das Sopas no próximo sábado, passando pelo I Rally Paper no dia 20 Maio, a II edição da Taça Cidade Ferroviária, o II Torneio 3x3 Albano Mateus, este anos em dois dias e com a festa da cerveja na noite do primeiro dia, o II Torneio Futebol 7, a festa da subida, um evento que está a ser preparado e que terá como objetivo homenagear os nossos atletas e técnicos. Temos ainda em Junho as festas da cidade, em Setembro a I Gala UFE que premeia os nossos melhores atletas, a II noite de fados em Outubro e a Festa de Aniversário do clube em Dezembro onde também é celebrada a passagem do ano. Para completar todos estes eventos continuamos a ter os jantares na primeira terça-feira de cada mês onde se junta a família Unionista.


CA – Mário não podia e antes de terminar, deixar de fazer esta pergunta. O presente desempenho desta direcção em que se incluem alguns elementos que estiverem presentes no “Verão Quente de 2009”, veio provar que a direcção da altura analisou mal a situação, não teve visão de futuro, no que diz respeito à vertente desportiva e organizativa (estou a falar de eventos) e acabou por seguir o caminho menos indicado, se calhar até fruto de alguma desinformação que lhe chegou através canais dentro do próprio clube?
MS – Não sei Francisco, mas sinceramente também nem me preocupa. Quero acreditar que as pessoas que estavam à frente do clube fizeram o melhor que sabiam e podiam. Foi um ciclo que se fechou para se iniciar outro completamente diferente, com outras ideias, outras formas de gerir e de pensar, com outros conhecimentos mas sempre com o mesmo objectivo, o engrandecimento do nosso UNIÃO FUTEBOL ENTRONCAMENTO. As pessoas passam mas o clube ficará sempre!
CA – Mário, queria agradecer-te mais uma vez a tua disponibilidade e deixo o espaço aberto para alguma mensagem que queiras deixar aos sócios e adeptos do União e claro ao “Batalhão Ultra” incansável no apoio à equipa, e a todos os visitantes do Cartão Azul.
MS – Aos rapazes do Batalhão não tenho forma nem adjectivos que qualifique o apoio incansável que nos deram. São uma força da Natureza e uns apaixonados pelo clube. Aos adeptos uma palavra de gratidão por terem sido ao longo de toda a época, verdadeiros Unionistas. O culminar de tudo isto foi a prenda que tiveram ao verem o esforço recompensado no dia 21 de Abril, em Marrazes, fruto do apoio e da força que sempre passaram para dentro do campo. Não podia deixar também aqui uma palavra de gratidão a todo um staff fantástico que possibilitou com que o objectivo fosse possível, falo do Flores e da nossa Dionísia, do Alfaro, dos nossos sempre presentes seccionistas Luís Nunes, Carlos Silva e Fernando Vieira, e claro está, um agradecimento a que menos visivelmente tudo fez para que nunca nos faltasse nada… aos meus colegas e amigos de Direcção. OBRIGADO!

Fotos: Barros Simões e União FE

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