quinta-feira, 24 de maio de 2012

OS TREINADORES E O DESEMPREGO...!!!

O que fazem os treinadores de hóquei em patins no desemprego?


Faz parte da vida de quase todos os treinadores. Após um período de actividade segue-se uma paragem, mais ou menos prolongada. Cristiano, Paulo Freitas, José Fernandes, estes e muitos outros treinadores, muitos deles jovens e portugueses estão no desemprego. A profissão de treinador é uma espécie de dança das cadeiras: para poucos lugares há muitos treinadores. Acham que existem treinadores a mais no nosso hóquei em patins? Será porque demasiados ex-jogadores optam por uma carreira de treinador e atuais jogadores acumulam a função de jogador/treinador? E que treinadores no desemprego fazem mais falta ao nosso hóquei em patins? Quais os critérios na selecção de um treinador? Preço? Qualidade? Qualificação? Será que a qualificação do técnico é sinónimo de qualidade? São estas e outras questões pertinentes que gostava de ver respondidas por dirigentes e responsáveis pela contratação dos técnicos que dirigem as nossas equipas de hóquei em patins.


Fomos saber qual a opinião de um jovem treinador desempregado, Rui Sousa, que após muitos anos como atleta de hóquei em patins abraçou a carreira de treinador de camadas jovens (Olá Mouriz ACDR) quando ainda era atleta e posteriormente a carreira de treinador/jogador da equipa sénior (União Sport Club de Paredes). Após esta experiência teve alguns anos de interregno e regressou em 2007 para orientar as camadas jovens da Associação Desportiva de Penafiel onde orientou os escalões de iniciados, juvenis e seniores (distrital). No ano de 2010 frequentou o curso de treinador de nível II ao qual teve aproveitamento e dai o levou à orientação da equipa sénior da APDG – Penafiel que militava na 2ª Divisão Nacional, bem como o escalão de benjamins. Experiência que acabou por não correr da melhor forma e que durou apenas meio ano, ou seja até 31 de Dezembro de 2010. Desde ai como o próprio designa encontra-se em “retiro sabático” de hóquei em patins. Confessa que no inicio de época teve a proposta do Olá Mouriz, com quem assumiu um compromisso para orientar a equipa de Juvenis e de Seniores, mas devido ao mesmo não ter entrado no Campeonato Nacional da 3ª Divisão e profissionalmente não ser muito compatível a missão de orientar estes dois escalões ficou gorada logo no inicio da temporada. Experiência que se julgava que ia ser promissora com um regresso de “um filho” à casa treze anos depois onde teve o êxito na orientação dos Infantis A que se sagrou vice-campeão do Torneio de Encerramento da Associação de Patinagem do Porto e equipa de onde saíram atletas como José Miguel Sousa (AA Espinho); Daniel Meireles (Sporting CP), entre outros que militam em equipa de 2ª e 3ª Divisão Nacional.


Segundo opinião de Rui Sousa “existem realmente treinadores a mais no nosso hóquei em patins nacional. Cada vez mais é política dos clubes utilizar os jogadores dos escalões sénior para orientar as camadas jovens, pois é uma forma de rentabilizar os custos que tem com os mesmos, para além de começar a ser habitual por retenção de custos utilizarem jogadores/treinadores, muitas das vezes sem a qualificação exigida apoiando-se em alguém no seio do clube que tenha a carteira exigida para poder assumir o cargo no papel. Penso que o preço é o factor primordial e o nome, pois roda sempre em volta dos mesmos, no caso de 1ª Divisão, na 2ª e 3ª é utilizada essa estratégia, o que põe no desemprego muitos jovens qualificados com valor e qualidade para desempenharem os cargos. Tenho a noção que nem todos os treinadores com carteira têm qualidade suficiente para desempenhar o cargo, pois há muitos que nunca tiveram ligação ao hóquei como jogadores, ou noutra posição qualquer. Nem sempre o ter sido um bom ou grande jogador é sinónimo de ser um bom treinador. Embora no hóquei não haja empresários as coisas ainda funcionam muito pelos conhecimentos, infelizmente. Da minha parte espero um dia regressar, não tenho pressa, quero regressar com a intenção de fazer parte de um projeto com ambição, organizado e com futuro. Para já vou matando o bichinho vendo jogos desde as camadas jovens a todas as divisões seniores e vou fazendo a minha compilação da actualidade. Costumo dizer que o hóquei é a minha vida, o meu grande amor, por isso quero viver sempre com felicidade.”

Artigo: Rui Surpresa
Fotos: Rui Sousa e Pedro Alves - Mundo do Hóquei
Titulo: Cartão Azul

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